Síndrome de Cassandra

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Autoria: Aline Salla – Coordenadora de Comunicação.
Revisão: Karla Giacomin – Coordenadora Geral

A Síndrome de Cassandra na mitologia grega é tristemente famosa: Cassandra, dotada do dom da profecia por Apolo, foi amaldiçoada para que ninguém acreditasse em seus avisos. Assim, apesar de seus desesperados esforços para alertar sobre a queda de Troia, suas palavras caíram no vazio.

As ILPI (Instituições de Longa Permanência para Idosos) são, na verdade, o coração pulsante de um sistema de cuidado essencial para os idosos. Mas, tal como a mítica Cassandra, as ILPI continuam a emitir sinais de alerta que, muitas vezes, caem no esquecimento.

Residentes, profissionais e familiares levantam questões críticas há anos: não se trata apenas dos já conhecidos problemas de recursos ou de pessoal, mas da necessidade de uma verdadeira revolução cultural na forma como cuidamos das pessoas idosas. É como se a mensagem fosse clara, mas os ouvidos que a recebem preferissem a ilusão da normalidade.

É urgente repensar radicalmente a qualidade de vida dentro dessas instituições: como podemos garantir dignidade, bem-estar emocional e uma inclusão social real para os idosos?

A pandemia apenas amplificou a fragilidade de um sistema que, há muito, clamava por mudanças. Os alertas estavam lá, mas foram ignorados até que a emergência explodiu. Agora é evidente que o modelo atual não pode mais se sustentar sem uma visão inovadora e sustentável.

O verdadeiro desafio não é apenas melhorar as condições físicas das ILPI, mas repensar toda a experiência de vida do residente: desde o acesso a atividades recreativas até o suporte psicológico, desde a conexão com as comunidades externas até a valorização do indivíduo, e não apenas como um “paciente”. É fundamental implementar uma visão intersetorial, promovendo uma atuação integral e integrada entre as áreas da saúde e da assistência social, e de outras políticas como a educação que valoriza a intergeracionalidade, a de esportes com exercícios adaptados, a da cultura com o resgate de tradições, todas valorizando a autonomia do residente e fortalecendo sua rede relacional.

As ILPI precisam se tornar lugares de vida, não de espera. Uma residência que oferece cuidados não é um hospital, tampouco um hospital pode ser uma ILPI.

Se não escutarmos esses avisos, corremos o risco de repetir o mesmo trágico destino de Cassandra: saber o que vai acontecer, mas não fazer nada para impedir. Ainda temos a chance de mudar o rumo. Reconhecer e incluir este equipamento no sistema e na política de cuidados do município, do estado e do país.

Talvez, ao contrário de Cassandra, ainda possamos ouvir e agir. A verdadeira maldição, hoje, não é de quem avisa, mas de quem escolhe não ouvir.

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Postado por alinesallacarvalho em 15/out/2024 - 4 Comentários

4 Comentários

  1. Nair Carniel disse:

    Seria muito importante que os moradores sentissem como se estivessem na sua própria casa, mantendo sua cultura, muito se ouve ainda falar em asilo esse triste nome pensado há muito tempo…

  2. Lúcia de Fátima Leite Bezerra Brito Ramos disse:

    Sou de Salgueiro-PE, temos que ter representantes que fiscalizem e se faça cumprir as leis. Um salário mínimo no país em que vivemos é muito pouco, não tem como dá um suporte descente com medicamentos e assistência. Como? Se a família tiver condições de ajudá-la, diminui as despesas, mais ainda sim, fica difícil, mas pelo menos recebe o aconchego da família. Outros não tem como cuidar, e o que é mais cabível é colocar num lar para idosos. É muito pouco um salário mínimo.

  3. José Andrade disse:

    Bodocó- PE. Professor e membro da SSVP

    Acho que a Sociedade Civil está assumindo o papel do governo e este por sua vez se acomodou. As leis são cada vez mais rigorosas e os repasses dos entes públicos são cada vez menores. Já se sabe onde vamos parar. No colapso

  4. Silvana disse:

    AMEI o texto trás várias reflexões… Contribui com nosso dia a dia e na formação de nossos adolescentes…

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